Depoimento: Silvia

Tenho 30 anos, sou casada há 3 anos e desde o ano passado que resolvemos ser o momento de ter um bb, já tem um ano que eu não tomo anticoncepcional, então só usávamos camisinha. Em dezembro começamos a tentar, mas eu achava que ia demorar para engravidar, nem contava sobre nossos planos para ninguém.

No dia 07 de janeiro, exatamente um mês depois da minha menstruação senti tonturas muito fortes, que me dificultavam até em andar. Então fui ao pronto socorro acreditando ser apenas hipotensão. Após verficar a pressão, a glicemia tudo normal o medico solicitou ir até o pronto socorro da GO para realizar um exame de gravidez. Apesar de estar tentando fiquei um pouco ressabiada. O exame de urina só ficaria pronto à tarde, durante meu horário de trabalho, então meu marido que foi buscar. Quando ele me buscou as 19h trouxe o resultado: Positivo! Fiquei assustada e feliz ao mesmo tempo, dei muita risada, parecia uma criança de tanta alegria

No mesmo dia contamos aos nossos pais por telefone, e no dia seguinte contei no trabalho...

No dia 10 tive um pequeno sangramento como borra de café e uma dor lombar muito forte, mas estava trabalhando e não dei importância. No dia 11 acordei estranha, com cólica, não sentia mais náusea e meus peitos não estavam mais inchados e doloridos, então fui logo ao pronto socorro. A médica verificou o sangramento e fiz um US: conteúdo uterino em movimentação, ausência de embrião. Mas me solicitou aguardar uma semana em repouso e repetir pois talvez o embrião ainda fosse muito pequeno.

Naquele dia eu já senti a perda, um vazio muito grande e a sensação de algo errado. Na terça tive cólicas fortíssimas, só fiquei deitada de manhã, ate que um momento a dor de repente aliviou. Quando eu levantei e fui ate o vaso, fique suja de tanto sangramento e senti o coágulo maior sendo eliminado, sabia que era meu futuro bebezinho indo embora. Depois disso sinto até hoje um buraco em mim, é horrível, ainda mais sendo enfermeira obstetra e lidando com nascimentos todos os dias. É vergonhoso dizer mas sinto inveja das mamães felizes. Quando tem curetagem eu nem entro na sala, não consigo avaliar as pacientes nem olhar para elas, é quando volta tudo a tona.

Deus é tão maravilhoso e bondoso comigo que expeli naturalmente, um dia entenderei o porque tive que passar por isso. O problema não é a dor física, são os sentimentos que não há como descrever, e a vergonha e culpa diante de todas as pessoas que já sabiam. Nunca mais vou contar pra ninguém sobre gravidez, vou esperar meses. Mas já penso em tentar novamente, só estou esperando mais um ciclo.

Obrigada pelo espaço e desabafo, todas nós somos merecedoras de felicidade, saúde e sonhos realizados. Que Jesus continue nos iluminando!

Silvia enviou seu depoimento por email em 5 de fevereiro de 2010