Depoimento: Rachel

05:06 6 Comments A+ a-

Grávida?? Sim e não...

Escrevo esse post como forma de compartilhar minha experiência, registrando os acontecimentos e os sentimentos que me acompanharam...

Nesta última semana, li diversas páginas na internet que falavam sobre o assunto, isso me trouxe algum conforto e alívio... coisa que você encontra ao perceber que não está sozinho, que outras pessoas passaram por algo parecido e conseguiram superar qualquer tipo de marca deixada... espero que minhas palavras, de alguma forma, esclareçam e auxiliem outras pessoas... e a mim, principalmente.


Você deve se perguntar o porquê de uma introdução tão down se o título do post é sobre uma gravidez, algo geralmente alegre e lindo...vou narrar os fatos, na ordem em que ocorreram, e voltamos a falar sobre isso no final.


Bem, não planejávamos um bebê nesse momento. Eu e Alexandre estamos casados há 6 anos, trabalhamos muito e estudamos. Nós dois iniciaremos o mestrado em 2011 - eu em Educação e ele em Economia - o que nos levava a desejar um bebê apenas para o final de 2012.
Mas na última 4ª feira (22/12), após um atraso na menstruação, fizemos um teste de gravidez desses de farmácia: o teste deu positivo!

Fiquei muito preocupada - como iria conciliar 2 empregos, o mestrado e um bebê?
Mas minha preocupação durou menos de 1h, logo me vi imaginando como seria esse lindo bebezinho...

Para confirmar o resultado, na manhã da 5ªf fizemos novamente um teste de farmácia, que novamente deu positivo. Procuramos então um médico, um clínico geral, para solicitar o exame de sangue (Beta-HCG). O resultado saiu na 5ªf mesmo, de noite... 71.537 mUI/ml o equivalente a mais de 5 semanas de gestação!

Eu e meu marido ficamos muito felizes! Mesmo! Começamos a planejar o que faríamos, vimos alguns nomes de bebês...essas coisas que pais babãos de primeira viagem sempre fazem.
Fomos correndo comprar 2 pares de sapatinhos de bebê com os dizeres "AMO VOVÓ"...para darmos a notícia aos meus pais e meus sogros.

Eu estava no céu, totalmente encantada com a notícia...ansiosa para ver meu bebê, se estava tudo bem... fiquei confusa com a contagem das semanas da gestação pois, apesar de estar atrasada, havia vindo menstruação normalmente no mês anterior, e eu estava tomando anticoncepcional normalmente (injetável).

Bom, como uma mamãe precavida, fui correndo ao médico, fazer uma ultra e saber se estava tudo bem com meu bebezinho-lindinho... Na 6ªf véspera de Natal, eu e meu esposo fomos a um hospital (emergência, pois não encontramos médicos atendendo nessa data!) e, após uma rápida consulta com o médico, fomos encaminhados para fazer o ultrasson...

E aí veio a notícia: O embrião não havia se desenvolvido! Não havia um bebê a caminho, embora houvesse uma gestação...de 9 semanas!
Comecei a chorar imediatamente! Não sei descrever a emoção desse momento... uma dor, junto com frustração, vergonha, raiva... tudo junto!
Perguntei ao médico se eu havia feito algo errado, se tinha algum problema de fertilidade... essas coisas que passam pela nossa cabeça...

Ele me explicou então que se tratava de uma GRAVIDEZ ANEMBRIONADA, segundo ele é algo comum de acontecer...mesmo em mulheres saudáveis e férteis... e que isso não nos impediria de ter outros filhos no futuro.

Não me lembro de mais nada do que ele disse... algo sobre curetagem, internação, ovo vazio...eu só conseguia pensar no meu não-bebê...e chorar!

Passei o Natal em clima de luto... eu já havia dado a notícia para minha sogra (que se encarregou de contar para a família toda!) e foi muito estranho, receber os PARABÉNS de várias pessoas, já sabendo que não haveria um bebê... sem clima para contar o que estava acontecendo... e a cara de pena de quem ouvia nosso relato. Foi horrível!!

Na 2ªf, já em Rio Claro-SP, procurei um ginecologista em quem confio muito, que me atende desde a minha adolescência... DR.Ibrahim Buttros... ele solicitou nova ultra...e confirmou a gestação anembrionada de 9 semanas.

Diferente do médico anterior, ele me indicou uma curetagem química - não invasiva, sem necessidade de anestesia - eu ainda chorava sem parar, muito triste... mas ele foi muito gentil e paciente.

Assim acabou qualquer resto de esperança que eu tinha... não havia mesmo um bebê... e eu precisei tomar a difícil decisão de interromper a gravidez.

Na 4ªf (29/12) dei entrada no hospital São Rafael, o doutor Ibrahim aplicou dois comprimidos as 11:05... não tive cólica nenhuma... por volta de 17h o sangramento ainda era muito pequeno e o Dr. colocou mais um comprimido...após as 19h o sangramento aumentou muito...mas continuei não sentido cólica nenhuma.
Por volta de 23h o sangramento se intensificou muito... ao ficar de pé (desobedecendo orientação médica, pois achei que ajudaria descer o sangue) tive um sangramento muito forte, que me levou a ter desmaios (3 seguidos) e vomitar muito...foi horrível! As enfermeiras me trataram muito bem... com carinho e paciência naquele momento tão delicado (e constrangedor!).

O médico foi chamado e me examinou, constatou que já havia sido expelido o saco gestacional (que era o principal, se isso não saísse teríamos que fazer a curetagem cirurgica)...me deu nova medicação - agora para diminuir o sangramento - e me orientou a ficar de jejum durante a noite.
Tive alta na 5ªf pela manhã (30/12)...sem quaquer dor, ou outro tipo de sintoma desagradável... e estou aqui BLOGANDO.

A tristeza está passando ( o médico disse que posso ter 200 filhos ainda! Eu quero...rsrsrs), não sei como serão as coisas daqui para frente... mas postarei por aqui... na próx. 4ª retornarei ao médico para novos exames.

Ainda não decidimos se tentaremos um filho agora em breve... vamos decidir tudo com calma agora... quem sabe um casal de gêmeos, não?! rsrsrsrs

Outra coisa que queria registrar aqui é que o apoio do meu esposo foi FUNDAMENTAL esse tempo todo! Ele foi ótimo quando descobrimos a gravidez, e foi mais incrível ainda quando descobrimos que não haveria um bebê. Ele também ficou triste com a notícia, mas me apoiou o tempo todo...ficou comigo enquanto eu chorava ... ficou comigo no hospital... isso me ajudou muito! Ele realmente merece o prêmio MARIDO DO ANO!

Bom, no mais...VIDA PRÁ FRENTE!
Como resolução de Ano Novo me proponho a cuidar muito da minha saúde, preparar bem meu corpo para minha próxima gestação...para receber um bebê fofinho... creio que NADA ACONTECE POR ACASO! E prefiro acreditar naquela frase "no final, tudo sempre dá certo...e se ainda não deu, é pq não chegou ao final".

Rachel enviou seu depoimento por email no dia 30 de dezembro de 2010

Depoimento: Carol

05:04 3 Comments A+ a-

Olá, meu nome é Carol queria dar esse depoimento para trazer esperança para algumas mães...

Descobri que estava grávida no dia 12/11/10, de 4 semanas. No dia 17/11, já com 5 semanas, fiz minha primeira ultra, e a médica disse que seria uma gestação anembrionária, com prognóstico restrito. Meu mundo caiu naquele momento. Foi uma dor de luto, de morte, de perder um filho que eu já amava muito, mesmo antes de conhecê-lo. No dia seguinte, minha ginecologista confirmou o diagnóstico e disse que, se em 1 semana meu corpo não expulsasse o embrião, teria que fazer uma AMIU. Chegamos até a conversar sobre medicamentos para não ser preciso intervenção cirúrgica, mas por algum motivo, preferi aguardar essa semana. Acho que uma das piores partes foi ter que ligar para todos os amigos e parentes que já sabiam da gravidez e avisar que não existia mais um bebê... Esperar uma semana foi muito doloroso para mim, pois sentia os sintomas da gravidez mas sabia que m eu bb não estava lá. Durante esse período busquei aprender muitas coisas sobre a gestação anembrionária na internet e procurei conforto nos depoimentos de milhares de mulheres que passaram e estão passando pela mesma situação. Porém lia coisas que me davam um pouco de esperança de um falso diagnóstico, como por exemplo o fato de que em algumas gestações só se vê o bb com 8 semanas! a vesícula só na 6a semana! e só se pode dizer que é anembrionário com o saco gestacional de 20cm (o meu tinha 1,3cm!!!). Decidi mudar de laboratório e de ginecologista e marquei um novo exame. Ontem, dia 24/11 fui com meu marido para a ultrassonografia que decidiria minha vida e nunca vou esquecer do sorriso no rosto da médica dizendo "acho que estou vendo alguma coisa aqui". Meu bb está com 6 semanas, crescendo forte e saudável. Agora estou de repouso e tomando progesterona, pois provavelmente devido ao estresse e tristeza dessa semana, estou com descolamento. Quis esc rever para vocês para que lembrem sempre de procurar uma 2a, 3a ou mesmo 4a opinião antes de tomar alguma decisão. Se eu tivesse escutado as 2 médicas que procurei primeiro, teria tirado meu bb... Infelizmente há muitos profissionais irresponsáveis por aí e nós, leigas, muitas vezes não temos como saber quem são. Agora só o que quero é esquecer o que passou e seguir com minha gravidez, pois sei que esse primeiro trimestre é muito sensível. Vou fingir que foi só um pesadelo e procurar pensar só em coisas boas, para o bem do meu bb...
Boa sorte para vcs e que Deus continue abençoando cada uma de nós, sempre.

Carol enviou seu depoimento por email no dia 25 de novembro de 2010.

Depoimento: Josy

05:03 0 Comments A+ a-

Olá,


Moro em Vila Velha, ES. Tenho 32 anos e meu esposo 43. Sou casada há quase 5 anos, mas ainda não temos filhos - apesar disto sempre ter feito parte dos nossos planos. Sempre adiávamos por motivos diversos, geralmente por conta de compromissos profissionais meus ou dele.


No dia 17 de setembro de 2010 eu fiz o exame BetaHCG (gravidez) e deu positivo. Não estávamos esperando tanto, porém meu esposo e eu ficamos muito felizes com a gravidez. Comprei a primeira roupinha (amarela), contei para a família e comecei até a ganhar presentes de amigos. Estava adorando a ideia de ser mãe! O bebê nasceria em maio, mês de aniversário do meu esposo. Eu estava felicíssima, nunca havia me sentido tão plena, enfim, estava me sentindo literalmente em "estado de graça".


No dia 24 de setembro começou um pequeno sangramento, tipo "borra de café", mas como todo mundo me falava que sangramento no início da gravidez era normal, eu esperei até a primeira consulta do pré-natal, que estava agendada para o dia 28 de setembro. Chegando lá a médica me analisou e pediu uma ultrasson de emergência e pediu para eu fazer repouso absoluto.


Eu saí na mesma hora do consultório e fui direto fazer a ultrasson em uma clínica especializada, mas quando eu perguntei para a pessoa que estava fazendo o exame se estava tudo bem, meu coração partiu quando ela disse: “Não está não. Você deveria estar de 6 semanas e o feto não desenvolveu. Não tem batimento cardíaco. Tem uma bolsa aqui, mas muitos coágulos em volta... Você deve abortar em poucos dias.” Imagina meu desespero! Comecei a chorar e esta pessoa que fez a ultrasson tentava em vão me convencer de que isso era “normal”, mas eu estava decepcionada e não queria aceitar aquilo como verdade.


Saí do exame arrasada e meu esposo me levou para casa. De casa eu li o laudo por telefone para a minha ginecologista obstetra (GO), e ela falou para eu ir ao consultório no dia seguinte pela manhã. E lá ela me explicou que eu teria 20% de chance de ter ovulado mais tarde e estar de menos semanas, por isso não daria ainda para ouvir os batimentos cardíacos. Me explicou que era para eu ir para casa e repetir a ultrasson em 15 dias para ter certeza do que aconteceu. Eu fui para casa com uma pontinha de esperança de poder segurar meu bebê, mas naquele mesmo dia à tarde me deu uma cólica muito forte e o sangue desceu "vivo" e em grande quantidade. Eu estava sozinha em casa e fiquei sem reação, só sabia chorar, mas ainda bem que meu irmão ligou na hora e pediu para uma das minhas irmãs ir lá me socorrer, porque ela estava mais perto – meu esposo estava no trabalho e não podia sair. Naquela mesma tarde liguei para a minha GO e ela disse que não havia o que fazer. Ela apenas me passou um remédio para amenizar a dor da cólica (que era fortíssima) e explicou que o procedimento a partir de então era o mesmo: esperar 15 dias para repetir a ultrasson. E rezar para que tivesse saído tudo, pois assim não seria necessário fazer a curetagem. E assim fiz, levei o exame à médica e ela informou que o útero estava limpinho, menos mal. E informou que agora teremos que esperar até o final de dezembro para tentar novamente.


Sim, tive uma gravidez anembrionária. Eu nunca tinha ouvido falar nisso, até ter acontecido comigo. Foi quando procurei pelo termo na internet e achei este blog, que para mim foi muito esclarecedor. Me identifico e me solidarizo com todas que aqui deixaram seus depoimentos. Resolvi compartilhar como uma forma de dar uma força, porque de verdade, para mim esta experiência foi muito, muito, muito difícil. Uma dor incomparável porque doía por dentro e por fora... Pior de tudo foi explicar às pessoas o que aconteceu, pois vira e mexe alguém ainda perguntava como estava o bebê e a gravidez, pois a notícia boa se espalhou rápido, mas para "descontar" para todo mundo ainda demorou um bom tempo. Fiquei uns 2 meses ainda explicando para as pessoas, o que era muito chato; eu sei que elas perguntavam na maior das boas intenções, por não saber o que havia acontecido, mas toda vez que eu tocava no assunto eu chorava por dentro e às vezes me segurava para não desabar, pois meus olhos chegavam a se encher de lágrimas.


Mas agora eu já estou superando e acredito que estes problemas me fortaleceram, afinal, Deus só dá a cruz para quem pode suportá-la. E espero que lá na frente eu entenda o porquê que tudo isso aconteceu na minha vida este ano. Infelizmente, depois deste episódio acabei me prejudicando no trabalho e em outubro fiz acordo para me demitirem, pois eu já não estava rendendo muito e também não estava me sentindo feliz com a minha profissão.


Mas chega, agora eu quero só alegria. Agora penso em reconstruir minha vida de uma forma nova e muito mais feliz. Estou estudando de novo e espero fazer outra carreira que me traga mais felicidade e tempo livre para curtir a vida e a família, pois no início do ano que vem espero tentar engravidar novamente e realizar o sonho de ser mãe. Toda esta experiência mexeu com os meus valores e minha visão de mundo tem mudado muito. E justamente é este o meu maior testemunho. Descobri que eu estava num ritmo frenético de trabalho e estresse. Hoje tenho me dedicado mais às pessoas que amo, ao meu esposo e a coisas mais simples. Tudo está nas mãos de Deus. Ele está cada vez mais presente na minha vida tem me libertado e me moldado para ser um ser humano melhor, uma pessoa melhor, uma esposa mais dedicada, uma filha mais atenciosa, e percebi que todas estas dificuldades serviram para me preparar para ser uma mãe mais consciente e amorosa.


Beijos e abraços a todas(os). Paz e Bem!


Josy enviou seu depoimento por email no dia 8 de novembro de 2010.